Saúde

Mulher é velada com aglomeração e população teme avanço da Covid-19 em São Miguel dos Milagres

Sesau divulgou primeira morte no município no sábado (18)

Por Thayla Paiva 20/04/2020 15h03
Mulher é velada com aglomeração e população teme avanço da Covid-19 em São Miguel dos Milagres
Coronavírus - Foto: Reprodução

A população de São Miguel dos Milagres, no litoral Norte de Alagoas, recebeu a notícia no último sábado (18) através do boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) de que havia um caso de covid- 19 no município. Logo após foi descoberto que tratava-se de uma senhora de 56 anos, que enfrentava problemas de saúde e que havia morrido sem que a família soubesse o diagnóstico da Covid-19. A mulher foi velada com aglomeração e a população agora teme o avanço do coronavírus.

Na tarde da última quinta-feira (16), devido a complicações no quadro de saúde da paciente Maria Helena, os familiares resolveram levá-la até uma unidade hospitalar, em Maceió, inicialmente com sintomas de síndrome respiratória e sangramento nasal.

Ela permaneceu aproximadamente 20 dias no Hospital Paulo Neto. Com exames do pulmão resultando em pneumopatia grave, a senhora chegou a compartilhar enfermarias com pacientes portadores de outras doenças até o seu falecimento. Entretanto, nos exames e certidão de óbito foi constatado que o caso da morte da paciente seria por covid-19.

Segundo o neto de Maria Hellena, Carlos Henrique, a família não acredita na morte por covid-19, já que caso fosse, seria necessário os cuidados esperados de isolamento do paciente, cuidados na desinfetação do local e cuidados extras para a acompanhante, o que segundo ele, não houve.

“Minha vó morreu de pneumonia, não foi de coronavírus como estão dizendo, vamos provar isso” disse.

Diante da descoberta e dos fatos, a população miguelense se viu desprotegida e amedrontada, sendo esse um vírus perigoso que  vem sendo o pivô da morte de milhares de pessoas no mundo inteiro.

O 7Segundos contatou o médico que acompanha a família, Edson Ataíde, que destacou o seguinte: “O corpo foi liberado sem resultado do exame, que somente foi informado quatro dias após o sepultamento. Houve velório e aglomerações, o próximo passo consiste em intensificar o distanciamento social e o foco no hospital de campanha que está em nossos planos” afirma.

Ainda segundo o médico, existe uma equipe na unidade de saúde do povoado Toque que está trabalhando, numa busca constante de pacientes com síndrome gripal pra precocemente identificá-los e oferecer melhor assistência.

O 7Segundos contatou a Secretaria de Saúde do município para saber quais eram os métodos de cuidados com a família e com as pessoas que estiveram próximas a paciente nos últimos dias, mas as únicas informações passadas até o fechamento dessa matéria foi a de que “Todas as medidas estão sendo tomadas”.

Dos 132 casos já confirmados, 124 são alagoanos, 107 residem em Maceió e 17 no interior, os municípios que tem um caso são Porto Real do Colégio, Palmeira dos Índios, Satuba, Boca da Mata, União dos Palmares, Arapiraca, São Miguel dos Milagres e Viçosa, seguidos por Marechal Deodoro que tem cinco e Rio Largo que aparece com quatro.

Os municípios pequenos tendem a sofrer mais com a contaminação do vírus, o que preocupa a população de São Miguel dos Milagres.

Restrições em velórios e enterros

A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) orientou no fim de março que as prefeituras façam restrições em velórios e sepultamentos por conta da pandemia do novo coronavírus. As recomendações tomam como base as medidas orientadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As mortes causadas por causa do vírus, até em casos suspeitos, a duração máxima será de uma hora por velório e enterro com caixão fechado, ficando proibido a prática de embalsamar o corpo.

Velório/Enterro:

Evitar tocar na pessoa velada;

No caso de óbitos que não sejam decorrentes da pandemia, a duração máxima será de 4 horas com a presença restrita de pessoas;

Os idosos com mais de 60 anos, as pessoas com doenças crônicas e as suspeitas de ter contraído coronavírus não devem comparecer ao cemitério;

As operações internas nos cemitérios só podem ser realizadas no período de funcionamento dessas entidades, diariamente;

Como não existe atividade laboral nos cemitérios após 18h, sugerimos que estes féretro deverão ficar sob a guarda dos hospitais até que o cemitério de destinação do óbito libere a remoção.