Brasil

'Não quero humanidade da Backer. Quero justiça', diz vítima da cervejaria

Ele ficou internado 71 dias e chegou a perder 11kg

Por G1 06/03/2020 21h09
'Não quero humanidade da Backer. Quero justiça', diz vítima da cervejaria
Cristiano teve alta nesta sexta-feira (6) - Foto: Danilo Girundi/TV Globo

Cristiano Mauro Assis Gomes, uma das vítimas do caso Backer, teve alta nesta sexta-feira (06). Ele foi vítima de intoxicação por dietilenoglicol após beber da cerveja Belorizontina. Ele deu entrada no hospital na véspera do natal passado, ficou internado 71 dias, sendo 44 deles no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Ele chegou a perder 11kg.

Após a liberação, Cristiano e sua mulher, Flávia Schayer, conversaram com a imprensa sobre a internação. Segundo ele, as mudanças foram muito impactantes. Até 19 de dezembro, ele orientava alunos de pós-graduação na Universidade Federal de Minas Gerais. Uma semana depois, seu desafio era conseguir respirar.

O professor do departamento de psicologia vai precisar fazer hemodiálise três vezes por semana, além de tomar remédios para hipertensão. Ele perdeu o movimento de alguns músculos da face, não consegue mais sorrir, por isso vai fazer uma terapia experimental com uma fonoaudióloga envolvendo lasers na tentativa de reverter o quadro. Ele também anda e fala com bastante dificuldade. Cristiano reforça seu pedido de justiça, e diz ser muito grato à equipe do hospital e sua família.

"Enquanto a Backer não nos atende, da maneira como vem fazendo, reforço meu desafio de luta. Quero ver até onde ela vai sem se sensibilizar e quando será uma empresa um pouco justa. Eu não quero dela humanidade, mas eu quero justiça. Ela é responsável por tudo o que aconteceu", disse.

Sua mulher reforçou que eles nunca receberam nenhuma assistência ao longo de todo processo. Além dos gastos com hospital, a família terá que gastar cerca de R$ 33.000 por mês com tratamentos, medicamentos, fonoaudiólogos entre outras coisas. A Backer não arcou com os custos e nunca teria prestado nenhuma assistência, antes ou depois dos bens da empresa terem sido bloqueados. Ainda segundo ela, a família sempre foi bem atendida como clientes da cervejaria, e foram ignorados como vítimas.

Flávia ainda se diz angustiada, já que seu marido sempre teve um ótimo físico, era muito saudável e era um esportista. "Ainda sou esportista, mas meu esporte agora é dar um passo", disse Cristiano.

Até o momento, a Backer não se pronunciou sobre as declarações do casal.

Ao todo, 11 casos de intoxicação já foram confirmados

Resumo do caso Backer

Uma força-tarefa da polícia investiga 38 notificações de pessoas contaminadas após consumir cerveja (seis delas morreram);

O Ministério da Agricultura identificou 53 lotes de cerveja da Backer contaminados com dietileglicol, um anticongelante tóxico;

A cervejaria foi interditada, precisou fazer recall e interromper as vendas de todos os lotes produzidos desde outubro;

Diretora da cervejaria disse que não sabe o que está acontecendo e pediu que clientes não consumam a cerveja.