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'Escapei da injustiça', diz ex-presidente da Nissan no Líbano

Proibido de deixar o Japão, ele chegou ao país do Oriente Médio em jato particular

Por R7 31/12/2019 08h08
'Escapei da injustiça', diz ex-presidente da Nissan no Líbano
Ghosn foi preso no Japão em novembro de 2018 - Foto: Reuters

O ex-presidente das montadoras Renault e Nissan Carlos Ghosn admitiu ter deixado o Japão e se refugiado no Líbano, país que também é cidadão. Ele não estava autorizado sair do território japonês porque responde a processos criminais.

A viagem ao Líbano ainda é cercada de mistério, já que os passaportes de Ghosn não estavam em poder dele. Segundo a emissora de TV japonesa NHK, o ex-poderoso da indústria automotiva viajou ao Líbano em um jato particular procedente da Turquia e entrou no país com outro nome.

Ghosn é nascido no Brasil, mas também tem cidadania libanesa e francesa. No Japão, ele é acusado de ocultar rendimentos e de usar recursos da empresa para pagar despesas pessoais, acusações que nega.

"Agora estou no Líbano e não vou mais ser refém de um sistema judicial japonês fraudulento, onde se presume culpa, a discriminação é galopante e direitos humanos básicos são negados", disse Ghosn, de 65 anos, em um breve comunicado nesta terça-feira (31), segundo a emissora de TV Al Jazeera.

"Não fugi da justiça, escapei da injustiça e da perseguição política. Agora posso finalmente me comunicar livremente com a mídia e estou ansioso para começar na próxima semana", acrescentou Ghosn. O Líbano não tem tratado de extradição com o Japão. 

Carlos Ghosn foi durante décadas referência na indústria de automóveis. Mas em novembro de 2018, foi preso ao desembarcar no Japão e acusado de diversos crimes, entre eles, ocultar rendimentos das autoridades e usar recursos da empresa para custear despesas pessoais. Ele nega todas as acusações.

Em março deste ano, ele foi libertado após pagar fiança de US$ 9 milhões (cerca de R$ 36 milhões), mas sob a condição de que teria que entregar os passaportes.

O ex-executivo acusa integrantes do alto escalão da Nissan de terem tramado contra ele por serem contra a uma proximidade maior entre as duas empresas que comandava, a Nissan e a francesa Renault, sua principal acionista.