Política

Relatório do Coaf cita ex-servidora de Jair Bolsonaro

Nathalia Melo trabalhava como servidora de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

Por G1 07/12/2018 11h11
Relatório do Coaf cita ex-servidora de Jair Bolsonaro
Relatório do Coaf cita ex-servidora de Jair Bolsonaro - Foto: Agência Brasil

O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou operações bancárias suspeitas do ex-motorista do deputado estadual e eleito senador Flávio Bolsonaro, filho presidente Jair Bolsonaro, cita também as duas filhas de Fabrício José Carlos de Queiroz - elas constam como assessoras da Assembleia Legislativa do Rio.

O documento lista Nathalia Melo de Queiroz, de 29 anos, e Evelyn Melo de Queiroz, 24. Nathalia era servidora de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados até o dia 15 de outubro deste ano, data em que foi exonerada.

As transferências de Fabrício incluem Nathalia como beneficiária principal: R$ 84 mil. De acordo com o relatório, Nathalia e outra consultora para assuntos parlamentares, Marcia Oliveira de Aguiar, possuem o mesmo domicílio fiscal do ex-motorista de Flávio Bolsonaro.

Consta também para Nathalia uma transferência no valor de R$ 2,3 mil.

Evelyn, irmã de Nathalia, também teria recebido R$ 550 em transferências do pai. As duas aparecem no relatório com os cargos de Assessora Parlamentar I.

O relatório também destaca movimentações suspeitas na conta de Fabricio no Itaú. Segundo o Coaf, entre 23 de janeiro e 15 de março de 2017, a conta de Fabricio "apresentou 10 transações de forma fracionada, totalizando R$ 49 mil, configurando possível tentativa de burla aos controles", lê-se no relatório.

Durante o mesmo período, a conta acolheu mais de R$ 95 mil. Entre as pessoas que mandaram dinheiro para a conta, estão:

Nathalia Melo de Queiroz- R$ 11.211,85

Evelyn Melo de Queiroz- R$ 10.111,92

Histórico

O caso foi revelado pelo jornal "O Estado de S.Paulo" nesta quarta-feira (6). A TV Globo também teve acesso ao relatório.

O documento aponta Fabrício José Carlos de Queiroz como servidor público cadastrado da Alerj, com renda de R$ 23 mil por mês. Além disso, teriam sido identificadas duas mídias informando que Fabrício Queiroz seria motorista do deputado Flávio Bolsonaro.

Ele movimentou nessa conta um total de R$ 1.236.838 entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017, o que foi considerado suspeito pelo conselho.

Outra parte do relatório do Coaf revela saques em espécie no total de R$ 324.774, e R$ 41.930 em cheques compensados. Na época, um dos favorecidos foi a ex-secretária parlamentar, atual esposa do presidente eleito, Jair Bolsonaro, Michele de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil.

O que dizem os citados

Filho de Jair Bolsonaro e agora senador eleito, Flávio Bolsonaro se manifestou por uma rede social sobre o caso.

"Fabrício Queiroz trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança. Nunca soube de algo que desabonasse sua conduta. Em outubro foi exonerado, a pedido, para tratar de sua passagem para a inatividade. Tenho certeza de que ele dará todos os esclarecimentos. "

A equipe de reportagem da GloboNews está tentando contato com Fabrício Queiroz. A GloboNews entrou em contato Michele Bolsonaro e com o presidente eleito Jair Bolsonaro, mas eles preferiram não se manifestar.

O Ministério Público Federal, responsável pela operação Furna da Onça, confirmou em nota que incluiu o relatório do Coaf nas investigações, mas esclareceu que nem todos os nomes citados no documento foram incluídos nas apurações, sobretudo porque nem todas as movimentações atípicas são, necessariamente, ilícitas.

No caso de deputados da Alerj que não foram alvos das operações, o MPF não confirmou ou negou se eventualmente estão investigados ou podem vir a ser.