Meio ambiente

Incêndios no Pantanal provocam chuva escura no Sul do país

Água escura é detectada desde a quinta-feira (17) em Santa Catarina

Por Folha de S.Paulo 19/09/2020 12h12
Incêndios no Pantanal provocam chuva escura no Sul do país
Chuva preta pode conter compostos tóxicos para consumo humano e animal - Foto: Defesa Civil de SC

Partículas de fumaça dos incêndios ocorridos no Pantanal estão chegando a Santa Catarina por meio da chuva. Desde a quinta-feira (18), a Defesa Civil do Estado detecta a chuva escura, ou chuva preta, em vários municípios em três regiões diferentes.

A presença da fumaça na região foi detectada a partir de monitoramento por imagens de satélite, realizado pela Defesa Civil de Santa Catarina, nas regiões Oeste, Meio Oeste e no Planalto Norte.Na Grande Florianópolis, também foi identificada fumaça com características de queima de vegetação.

A Defesa Civil alerta para o fato de que a água pode conter compostos tóxicos e que devem ser adotados cuidados antes que seja utilizada para consumo humano ou de animais.

Entre eles, não captar as primeiras chuvas (captando ao menos 2 mm antes ou até que a cor esteja normalizada), a limpeza de componentes do sistema de captação, como as cisternas, análise dos parâmetros de qualidade, como pH e níveis de agrotóxicos, cobre, zinco, ferro.

Ventos com baixos níveis, que ficam a até 2km de altura, em direção noroeste, são os responsáveis por carregar a fumaça. Ainda segundo a Defesa Civil catarinense, com a passagem da frente fria na região, a tendência é que as partículas se dissipem pelo território do estado.O mesmo fenômeno já havia sido observado dias antes no Rio Grande do Sul, na região do estado que faz divisa com Santa Catarina e na parte central, e pode se repetir nos próximos dias caso ocorram ventos do chamado quadrante norte, que vêm do Brasil central.

"Se não tem chuva, é aquele céu avermelhado ao final do dia, e a gente consegue ver uma leve fumaça. Mas quando chove, a gente percebe mais, porque a água vem suja, misturada com fuligem e elementos químicos", explica Cátia Valente, metereologista da Somar Metereologia, no Rio Grande do Sul.Valente diz ainda que essa não é a primeira vez que o fenômeno ocorre na região. No ano passado, com os incêndios na Austrália, resquícios da fumaça chegaram à fronteira oeste do Rio Grande do Sul, embora AA distância percorrida tenha dissipado parte dos elementos, tornando a fuligem menos perceptível."A gente está com ventos que vão soprar do sul neste fim de semana, o que ajuda a evitar o problema. Mas, a partir de segunda-feira (21), teremos alguns dias de tempo bem seco e ventos voltando a soprar do norte, então vai existir a possibilidade de se repetir na próxima semana, até que chova na região atingida e dê uma lavada, literalmente, na atmosfera", avalia.

A fumaça das queimadas na região de Mato Grosso fez com que o avião no qual viajava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tivesse que arremeter antes de pousar na cidade de Sinop, nesta sexta (18).